Programa
Municipal
“GUARULHOS
PARA OS TRABALHADORES”
Eleições
2012
1-
Introdução
Guarulhos é o segundo maior município paulista em população, com mais de 1.221.979 habitantes segundo dados do Censo do IBGE (2010). Localizada na Região Metropolitana de São Paulo, a cidade tem uma área de 319,19 km2. Guarulhos cresce e de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) o Produto Interno Bruto (PIB) de Guarulhos em 2009 alcançou a marca de R$ 32,5 bilhões, situando-se na 9ª posição do ranking nacional, e em 2º entre municípios paulistas, só perdendo para a capital, sendo o 4º maior PIB municipal da região sudeste, além de ser o maior município não capital do País, Guarulhos é o 8º maior PIB industrial do país e o 10º de Serviços.Conhecida por ser uma cidade operária, uma das maiores em todo o Estado de São Paulo. A cidade tem mais de 4.000 indústrias, segundo a RAIS/MTE que colocam a cidade entre as dez maiores economias do País, nos mais variados segmentos, instaladas em bairros como: Cumbica, Bonsucesso, Pimentas, Itapegica e Taboão. Destaque para a cidade Satélite Industrial de Cumbica, que reúne mais de 700 empresas.
O
aeroporto de Guarulhos é também um capítulo a parte neste cenário
de riqueza da cidade, pois se trata de o “maior
complexo aeroportuário da América do Sul, recebe diariamente cerca
de 180 mil pessoas, entre passageiros, acompanhantes, funcionários e
visitantes. Aproximadamente 1.700 empresas prestam serviços e operam
no local, proporcionando mais de 28,2 mil empregos diretos e cerca de
60 mil empregos indiretos, interligando São Paulo a 28 países e 157
cidades do Brasil e do Exterior.”
(dados
do site da Prefeitura de Guarulhos).
Nos últimos anos notamos também o crescimento de prédios de luxo e de classe média, bem como de serviços para atender este público (padarias de luxo, restaurantes , etc) nas regiões centrais da cidade.
Infelizmente,
este cenário é desigual e apenas favorece os ricos, a atual
administração da cidade fez uma opção de governar para os ricos.
O partido dos trabalhadores está a frente da prefeitura desde 2000 ,
e as condições para os trabalhadores e povo pobre não melhorou.
Guarulhos sofre com 700km de vias sem iluminação, são 5,5 mil
crianças nas filas das creches (sem contar as que não são
cadastradas) além do município não atender a demanda de vagas
não são oferecidas creches em tempo integral, há um deficit
habitacional que atinge 26 mil famílias sem contar 48 mil casas que
estão em situação irregular, são ocupações e muitas em áreas
de risco para as famílias. Além disso, a cidade só trata 35% do
esgoto e a saúde é precária pois temos a volta de doenças que
estavam erradicadas e o escasso número de hospitais e postos de
atendimentos, gerando filas enormes para a população e a falta de
atendimento às especialidades.
Como
vemos há muito o que fazer, mas apenas um programa comprometido com
a classe trabalhadora e com os movimentos sociais na cidade pode
mudar esse quadro. O PSTU apresenta suas candidaturas em Guarulhos
para construir um governo socialista dos trabalhadores.
Apresentamos
esse programa para debater com os trabalhadores a construção de uma
cidade que não esteja voltada a enriquecer cada vez mais os
banqueiros, os latifundiários e grandes construtoras.
1
- Educação pública, gratuita e de qualidade para todos
Em
relação ao orçamento municipal à arrecadação varia em torno de
R$
3.092.183.723,00
,
dos quais teoricamente são previstos 25% deste total com gastos com
educação. Segundo dados da própria Secretaria de Educação do
Município, a rede municipal de ensino de Guarulhos conta com um
total de 136 escolas próprias e 74 conveniadas, atendendo 112.000
alunos entre a Educação Infantil, Ensino Fundamental do 1º ao 5º
ano, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial.
O
que se percebe é uma defasagem entre o desenvolvimento econômico da
região (o que é arrecadado) com o que é investido em educação, o
que deveria ser prioridade num município que segundo últimos dados
do censo do IBGE conta com a seguinte população em faixa escolar:
110.000
crianças de 0 a 4 anos
102.000
crianças de 5 a 9 anos
103.000
crianças de 10 a 14 anos
107.000
adolescentes de 15 a 19 anos
O
atendimento ao ensino infantil, que vai do berçário à pré-escola,
como uma prioridade do município sempre esteve pautado nas
reivindicações dos movimentos sociais ligados à educação, e
ainda permanece como uma das grandes lacunas entre as necessidades da
classe trabalhadora e aquilo que lhe é reservado pelo poder público,
pois à medida que se criaram projetos de investimento em educação
– FUNDEF, depois FUNDEB - onde os municípios deveriam também
abarcar o ensino fundamental (1º ao 9º ano) para aumentar o repasse
da União, o que se presencia é o crescimento da rede municipal
neste nível de ensino, em grau de desvantagem aos investimentos em
creches e pré-escolas. Ainda na gestão do ex-prefeito Jovino
Cândido-PV (1996-2000), a Apeoesp, Sindicato dos Professores do
Estado de São Paulo, e demais movimentos de educação no
município lutaram e resistiram à tentativa de implementação da
Municipalização do Ensino em Guarulhos, por entenderem que se
tratava de uma iniciativa da gestão pública muito mais voltada a
abocanhar os recursos do então FUNDEF (Fundo de Desenvolvimento da
Educação Fundamental), do que propriamente uma preocupação com a
qualidade da ampliação da rede municipal em parceria com o Estado.
Graças
à vitória do movimento naquele momento, o projeto foi engavetado e,
para a decepção de muitos que ainda depositavam confiança no
governo petista, uma das primeiras iniciativas dessa gestão (Elói
Pietá/Eneida-Secretária da Educação-PT) foi desengavetar o
projeto com uma nova roupagem, que significava a construção de uma
rede própria de ensino e não mais uma dependência dos prédios já
existentes do Estado.
Ao
não conseguir dar conta da construção de escolas, à toque de
caixa, a prefeitura optou por fazer parcerias com a iniciativa
privada, esta última que passa a se responsabilizar pela gestão das
escolas conveniadas, que recebem recursos, programas de capacitação
diretos da Secretária Municipal de Educação. Em última análise,
a parceria entre o Estado e o Município está sendo substituída
pela parceria público-privada, isto é o resultado da visão
mercantilista na educação, ou seja, a educação tratada como um
negócio no qual o que importa é o lucro e não a preocupação com
qualidade da educação oferecida, isto porque estas “conveniadas”
funcionam, em sua maioria, em situação precária e a forma de
contratação dos educadores se difere da contratação do município,
isto entre outras mazelas.
Para melhor fundamentar
esta análise, observe os dados:
- Em 2007, a rede municipal continha 43.869 alunos no ensino fundamental e em 2011 passa para 51.390;
- Em 2007 a rede municipal continha 7.314 crianças na creche em sua rede própria e em 2011 passa para 12.332;
- Em 2007 a rede municipal continha 4.464 crianças na pré-escola em sua rede própria e em 2011 passa para 27.229.
Analisando-os, percebe-se
que das 103.000 crianças em idade de cursar o Ensino Fundamental a
prefeitura atende 51.390 destas, pouco menos de 50% do total. Em
relação à creche e a pré-escola das 110.000 crianças que
deveriam estar neste nível de ensino, a prefeitura atende apenas
39.561, ou seja, 36% do total. Logo, isso demonstra uma exclusão de
uma grande parcela de crianças em creches públicas, e as que
atendem, o fazem por período de 5 horas, com grande precariedade de
recursos didáticos e pedagógicos.
2.1 Os
profissionais da educação são desvalorizados
Os profissionais da
educação devem ser valorizados com um plano de carreira condizente
às suas necessidades, e todos devem ser respeitados e tratados de
maneira igual para trabalho igual. Hoje a secretária de educação
divide os professores em dois planos de carreira os Professores de
Educação Básica (PEBs) e os Professores de Educação Infantil
(PEIs), esses profissionais sofrem com a diferenciação de salários
as PEIs cumprem uma jornada de 30 horas semanais e recebem o mesmo
salário base das PEBs que cumprem 25 horas semanais.
A
Lei do Piso Nacional de Educação que prevê 1/3 de hora atividade
na jornada do professor deve ser implementada imediatamente no
município e também no estado, para garantir condições mínimas de
trabalho a estes profissionais com tempo para o preparo de suas
atividades e também de formação e elaboração de suas práticas
pedagógicas.
Os trabalhadores e
trabalhadoras de bairros como Pimentas, por exemplo, onde existe
cerca de 14.063 crianças na faixa etária do 0 aos 3 anos, e cerca
de 7.753 na faixa etária entre 4 e 5 anos, e que portanto sentem
uma grande carência no atendimento ao ensino de creche e pré-escola
devem ser respeitados em seu direito e ter acesso a este serviço com
qualidade, para que estas crianças possam se desenvolver num
ambiente de formação que considere seu direito de brincar, ao
lúdico, ao conhecer-se a si e ao outro, que desenvolva suas
habilidades motoras, a leitura e a escrita, para que dessa forma
essas crianças tenham melhores condições de desenvolver-se no
ensino fundamental (do 1º ao 9º ano).
E o Ensino Fundamental e
Médio que, a priori, são de responsabilidade do Estado, devem ser
de qualidade de forma a garantir o desenvolvimento educacional de
crianças e adolescentes numa perspectiva de uma formação
sócio-histórico-cultural que suscite nestes a criticidade e o
reconhecimento como sujeitos da ação e da transformação dessa
sociedade, que se fundamenta sob a exploração propagando o
antagonismo entre as classes e as opressões no seio destas.
E não o retrato que
temos hoje da política do PSDB no estado de São Paulo que reflete
em Guarulhos, com alunos que terminam o ensino médio
semialfabetizados, sendo alijados da continuidade do ensino superior;
o aumento da violência no âmbito escolar que vitimiza tanto
professores, funcionários como os próprios alunos, estas entre
outras, são consequências da política implementada pelo governo
tucano nos últimos vinte anos com o aumento da precarização dos
contratos de trabalho (professores categoria O, categoria “F”);
política privatizante também nas parcerias público-privado com
bancos, Ong´s, sistema “S” (Sesi, Senai, etc); “promoção
automática” dos alunos; escolas sem infraestrutura adequada como
laboratórios, bibliotecas, sala de vídeo, etc,- algumas inclusive
ainda na estrutura de pré-moldados conhecidos como “escolas de
latinha”-; política de bonificação por resultados e não um
plano de carreira que estimule a formação docente; salas
superlotadas enquanto ocorre o fechamento em algumas regiões de
salas e períodos; etc.
2.2 – Estatizar
as Universidades privadas e diversificar os cursos na Unifesp
No que diz respeito ao
Ensino Superior, Guarulhos possui um campus da Universidade Federal
de São Paulo – UNIFESP, no bairro dos Pimentas, que foi inaugurado
em 2007 e que conta com aproximadamente 3.000 alunos, distribuídos
nos cursos de Ciências Sociais, Filosofia, História, História da
Arte, Letras e Pedagogia. Apesar do avanço de se ter conquistado um
campus em Guarulhos, a situação da UNIFESP é vergonhosa, a
precarização dos cursos e a falta de infraestrutura do prédio,
fruto das políticas federais do Prouni e do Reuni, de
Lula/Haddad-Ministro da Educação, e agora Dilma/Aloísio
Mercadante; levaram à greve de professores e estudantes neste
primeiro semestre de 2012, que se somou a uma greve nacional das
universidades federais, desnudando o descaso com este nível de
ensino por parte do governo federal que tem sido o precursor na
implementação da política de parcerias público-privado nesta e em
outras modalidades de Ensino que acaba com o ensino público de
qualidade. É preciso atender à demanda do município nas
universidades para que os filhos da classe trabalhadora, que durante
toda a vida estudaram nas escolas públicas, possam também no ensino
universitário usufruir deste direito que tem sido reservado através
dos vestibulares aos filhos da burguesia ou da classe média
emergente.
Defendemos:
- Investimento na qualidade de educação com no mínimo 30% do orçamento para este fim;
- Por uma educação pública, gratuita e de qualidade! No ensino fundamental I 25 alunos por sala de aula, não a municipalização e estatização das creches conveniadas;
- Garantir o atendimento prioritário a crianças de 0 a 6 anos em creches que não funcionem como depósito de crianças, mas que contenham infraestrutura para o desenvolvimento das atividades cognitivas dessas crianças, e que disponham de 5 profissionais para cada 20 crianças e na pré-escola de 2 profissionais a cada 25 alunos; que o atendimento oferecido seja em período integral, para que as mães trabalhadoras possam ter tranquilidade e confiança ao deixar seus filhos.
- Carreira do Magistério: valorização dos profissionais da educação, aumento imediato dos salários e Plano de cargos e salários – implementação de 1/3 de hora atividade e jornada de 20h/a pelo piso do Dieese.
3
– Saúde pública, gratuita e que atenda todas as especialidades
A administração do PT
não investe em saúde. O governo federal gasta apenas 1,7% do PIB
com saúde, os estados e municípios aplicam cerca de 1% cada um.
Este baixo investimento vem causando um verdadeiro caos e colocando a
classe trabalhadora numa situação cada vez pior, muitos morrendo
nas filas de espera aguardando leitos, cirurgias, exames entre
outros.
Doenças que eram
consideradas controladas ou eliminadas, como é o caso da Tuberculose
e da Hanseníase, hoje voltam a ter seus indicadores em alta em nossa
cidade. A mortalidade materno-infantil também esta com índices
acima do esperado
Os equipamentos de saúde
também são insuficientes para atender uma população de mais de 1
milhão e 300 mil habitantes. Guarulhos possui apenas 3 hospitais
municipais, sendo 2 de administração direta (HMU e HMCA) e 1
administrado por uma Organização Social (Hospital Pimentas). Além
de 2 hospitais estaduais (Padre Bento e HGG) e 2 hospitais
filantrópicos onde a Prefeitura Municipal de Guarulhos compra
serviços.
Nas especialidades e
exames de média e alta complexidade Guarulhos também é bastante
deficitário, longas esperas e a inexistência de serviços são
constantes. Um exemplo é a Oncologia (tratamento de câncer) onde os
pacientes tem que ser encaminhados para Mogi ou SP, pois a 2° cidade
mais rica do estado não tem este serviço.
Na atenção básica à
saúde o caos continua. As Unidades de Saúde são verdadeiros
puxadinhos, apertadas, com infraestrutura inadequada, cheias de
escada, o que dificulta o acesso, sem biossegurança. A falta de
médicos em quase todas as especialidades é absurda. Faltam
funcionários, enfermeiros, medicamentos, insumos, entre outros, o
que mostra o tamanho do descaso da atual gestão com o tema.
Defendemos:
- Investimento de 6% do PIB para a saúde;
- Espera máxima de 7 dias para consultas com especialistas. Espera máxima de 30 minutos nos hospitais e prontos atendimentos;
- Aumento geral nos salários dos profissionais e a redução da jornada de trabalho de todos os profissionais da área da saúde para 30 horas;
- Fim das terceirizações. Dinheiro público só para os serviços públicos!;
- Estatização e administração direta de todos os hospitais e equipamentos. Fim das tercerizações.;
- Construção de mais 30 Unidades Básicas de Saúde e que cada unidade na cidade atenda um território de no máximo 12.000 pessoas;
- Criação de um serviço de alta tecnologia para o tratamento do câncer;
- Efetiva participação popular nas decisões da gestão da saúde.
- Mais verbas para a saúde pública. Contratação imediata de profissionais de saúde por concurso público e valorização dos profissionais da saúde com aumento imediato dos salários;
- Modelo de saúde pública integrada, desde o atendimento preventivo hospitalar. Construção de novos postos de saúde. Funcionamento 24 horas das unidades já existente e com atendimento de todas as especialidades nas regiões. A saúde deve ser pública, gratuita e de boa qualidade para todos.
4
– Moradia para todos deve ser uma prioridade
Nos
últimos três anos mais de 23 grandes empreendimentos imobiliários
de alto padrão foram construídos na cidade. Em dez anos a cidade
recebeu mais de 100 mil novas moradias de alto e médio padrão. É o
“boom imobiliário” que atende aos interesses apenas das grandes
construtoras. Por outro lado podemos observar também um aumento do
número de moradias das famílias mais pobres que vivem em favelas
carentes de infraestrutura.
As
necessidades de moradia em Guarulhos englobam um grande número de
famílias que moram em situações inadequadas, exigindo do poder
público diversas ações de melhorias do ponto de vista urbanístico
(limpeza de córregos, iluminação, coleta de lixo, dentre outros) e
de regularização fundiária.
Conforme estudo realizado
pela Prefeitura Municipal de Guarulhos, entre os anos 1990 e 2000,
houve uma desconcentração demográfica dos bairros centrais,
principalmente ao longo da Rodovia Presidente Dutra até o Aeroporto
com um aumento das taxas de crescimento populacional nos bairros
periféricos, em função do preço da terra mais acessível e das
ocupações irregulares. Segundo este também, Guarulhos possui
46.973 domicílios em setores precários e subnormais, o que
corresponde a 16,54% do total de domicílios da cidade. O déficit de
moradias considerado pela Prefeitura é de aproximadamente 24.800
moradias, neste número estão as famílias que vivem em cômodos,
casas rústicas e as improvisadas em situação de degradação.
Segundo dados do IBGE 70.934 famílias vivem de aluguel na cidade.
Analisando os dados
presentes no PLHIS
(Plano Local de Habitação de Interesse Social), organizado pela
prefeitura municipal no ano de 2011, percebe-se que o déficit
habitacional é composto, majoritariamente, pela Coabitação
Familiar, ou seja, por famílias conviventes que são constituídas
por, no mínimo, duas pessoas ligadas por laço de parentesco,
dependência doméstica ou normas de convivência, e que residem no
mesmo domicílio com outra família denominada principal. As famílias
conviventes totalizam 13.261.
Em segundo lugar estão
as famílias moradoras em cômodos, atingindo um total de 5.970.
Portanto, representam juntas 78,3% do déficit, ou seja, 19.231
famílias sem moradia.
Famílias moradoras em
domicílios improvisados somam 1.050. Existem ainda aquelas que
residem em domicílios rústicos, totalizando 4.256 famílias. O
Déficit Habitacional estimado pela Secretaria Municipal de Habitação
não computa as situações de famílias com gasto excessivo de
aluguel, assim consideras as que comprometem mais de 30% de sua renda
mensal com aluguel.
Contraditoriamente aos
elevadíssimos índices de falta de moradia, a quantidade de
domicílios vagos identificados no Município pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no Censo
Demográfico 2000 excede o número do Déficit Habitacional Básico,
ou seja, não seria necessária a construção de novas residências
para atender a demanda. Esta situação demonstra uma
inacessibilidade a esses imóveis pelo mercado popular e população
de baixa renda. Tal relação aponta para a urgente necessidade em se
organizar programas habitacionais de enfrentamento do déficit a
partir da utilização dos imóveis vagos, que servem única e
exclusivamente à especulação imobiliária.
O Planejamento Nacional
de Habitação classifica Guarulhos como Município Tipo A, os
municípios classificados nesse grupo destacam-se dos demais por
apresentarem escassez de terra para a produção de novas moradias e,
portanto, alto valor do preço da terra, aliada a maiores
concentrações populacionais e de déficit habitacional. São também
metrópoles situadas em regiões de alta renda, com alta desigualdade
social.
Uma das apostas da atual
prefeitura para resolver o problema da cidade foi o Programa Minha
Casa Minha Vida, que entregou cerca de 3000 apartamentos para
famílias de baixa renda no munícipio, o que está longe de resolver
o problema da moradia na cidade.
Além disso, este
programa do governo
promove uma transferência maior de dinheiro público para os
empresários da construção, estimulando ainda mais o aumento do
preço da terra, favorecendo a especulação imobiliária. Não há
dúvida também de que os recursos bilionários do programa são uma
enorme fonte de corrupção.
É preciso um
verdadeiro projeto para resolver o problema da habitação
Um projeto para
construção de moradias não pode ficar nas mãos de parcerias com a
iniciativa privada, que só deseja lucros. A construção de casas
deve ser realizada pelo Estado em forma de mutirões ou cooperativas,
ao invés de ser proposta e executada pelas empreiteiras. Isso vai
tornar muito mais barata a construção das novas casas.
Para a população que ganha até três salários mínimos, o projeto do governo prevê o pagamento de 41 mil a 52 mil reais por casa construída pelas construtoras. Mas é possível construí-las a um preço bem menor sem dar um tostão aos empresários da construção. Um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, propõe a construção de casas populares ao custo de R$ 12 mil cada, na forma de mutirões.
Para a população que ganha até três salários mínimos, o projeto do governo prevê o pagamento de 41 mil a 52 mil reais por casa construída pelas construtoras. Mas é possível construí-las a um preço bem menor sem dar um tostão aos empresários da construção. Um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, propõe a construção de casas populares ao custo de R$ 12 mil cada, na forma de mutirões.
Qualquer programa voltado
para acabar com o déficit habitacional só é viável com uma
ruptura com a atual política econômica. Qualquer projeto popular
para acabar com o déficit habitacional deve ser discutido com os
movimentos sociais, com longa trajetória e experiência na luta pela
moradia.
Defendemos:
- É preciso parar de entregar dinheiro às grandes empresas e deixar de pagar as dívidas do município transferindo esses recursos para obras de habitação e infraestrutura;
- Um Plano de obras públicas promovido pela secretaria de obras com parceria com os mutirões populares para a construção de moradias, creches, escolas e hospitais, gerando renda e emprego para a cidade e resolvendo o problema de moradia;
- Fim das desapropriações de moradias;
- Regularização e urbanização de todas as ocupações urbanas;
- IPTU progressivo de verdade, redução do imposto para as residências populares , os ricos e donos de grandes propriedades , principalmente das áreas nobres da cidade devem pagar mais e que não cobre das propriedades menores e localizadas nos bairros populares e dos trabalhadores desempregados.
5
– O transporte é um direito
A população
trabalhadora é a mais penalizada pelo caos no transporte público de
nossa cidade. Além
de precário, o transporte público no país é muito caro. Um estudo
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que,
entre 1995 e 2008, as tarifas de ônibus urbanos tiveram um aumento
de cerca de 60% acima da inflação.
Ocorre
que o setor de transporte é controlado por verdadeiras máfias que
financiam as campanhas eleitorais dos grandes partidos e, depois que
os políticos são eleitos, obtêm contratos de serviços com as
prefeituras. As companhias estatais de transporte público (tanto as
de ônibus como as ferrovias) foram privatizadas e entregues a essas
máfias, que conseguem lucros fabulosos.
A
passagem de um ônibus em Guarulhos de circulação municipal custa
R$3,00, o que é um absurdo. Um trabalhador que ganha um salário
mínimo de R$622,00 e tem que pegar apenas um ônibus para ir e
voltar de seu local de trabalho, trabalhando 5 dias por semana gasta
em média R$120,00 por mês. Ou seja praticamente 20% de sua renda.
Por
isso, em pleno século 21, muitos trabalhadores não têm condições
de pagar as tarifas e se locomovem a pé. Segundo o IPEA, cerca de 37
milhões de brasileiros estavam nesta situação em 2006. Outra
pesquisa realizada em 2007 mostrava que 640 mil viagens por mês são
realizadas a pé devido ao custo da condução.
O
caos no transporte é fruto de vários fatores. O problema começa
com a falta de prioridade por parte dos governos para investir em
transporte público. Como consequência, cresce de forma desordenada
o uso de veículo individual, fruto da ampliação de crédito para a
compra de automóveis.
A
frota de veículos de Guarulhos superou, no último mês de maio, a
marca de meio milhão conforme números divulgados pelo Departamento
Nacional de Trânsito (Denatran). Ao todo são 336.284 carros de
passeio, 20.326 caminhões, 5.384 caminhão trator, 28.693
caminhonetes, 18.188 caminhonetas, 3.838
micro-ônibus,
66.009 motocicletas, 6.869 motonetas e 3.636 ônibus, entre outros. A
frota total em janeiro deste ano era de 491.233 veículos e, em
apenas quatro meses, 12.784 novos emplacamentos foram feitos na
cidade, pouco mais de 3mil por mês.
Sem
contar que as empresas de transporte no município, só querem lucrar
e por isso oferecem um serviço de péssima qualidade, com poucos
ônibus e com a criação do bilhete único a população tem de
ficar mais tempo esperando os ônibus e usar mais de um ônibus para
se locomover entre os bairros. Os ônibus intermunicipais também são
caríssimos e insuficientes.
A
criação dos terminais não resolveu o problema dos transportes na
cidade, que tem como prioridade incentivar a indústria
automobilística, pavimentando ruas, avenidas e instalando câmeras
para aumentar a arrecadação com as multas de trânsito.
Já passou da hora de
Guarulhos ter outras opções de transporte além dos ônibus
municipais e intermunicipais, o governo estadual e municipal deveriam
se empenhar e trazer o metro a nossa cidade.
Defendemos:
- Redução para R$1,00 das passagens de ônibus;
- Fim do monopólio das empresas privadas, Criação de uma empresa pública de transportes que garanta passagem a preço de custo e estatização de todas as empresas de transporte privadas;
- Passe-livre para todos os estudantes, idosos e desempregados;
- Lutar para a construção do Metrô;
- Adaptação de toda a frota de ônibus para portadores de necessidades especiais e idosos.
6
- Combate às Opressões
A luta contra a opressão
é parte integrante e fundamental da luta pelo socialismo. Para o
PSTU,
o fim das opressões somente terá sucesso se houver uma estreita
aliança entre a juventude, os operários e as operárias. Ou seja,
nossa luta se constrói no marco da luta de classe. Neste sentido,
exclui-se de nosso programa vínculos estratégicos com setores que
não defendam os interesses da classe trabalhadora. No entanto,
defendemos a mais ampla unidade de ação com todos os setores do
movimento popular, estudantil, sindical e político em atividades de
cunho democrático.
6.1 Um Programa LGBT
combativo, classista e socialista
A ideologia
homofóbica
Lésbicas,
Gays,
Bissexuais,
Travestis,
Transexuais
e Transgêneros
são constantemente vitimados pela propagação de uma ideologia
anti-homossexual nos meios de comunicação. São ridicularizados nas
TVs e apresentados como “doentes”, “devassos” e “pervertidos”
pela imprensa sensacionalista e, inclusive, pela “grande imprensa”.
Além disso, instituições fundamentais do regime brasileiro, como a
Igreja e o Exercito, condenam a homossexualidade, a bissexualidade e
a transexualidade veementemente e pregam abertamente a “extirpação”
desde “mal”.
Os efeitos dessa
ideologia são terríveis para LGBTs, porém, o descaso com a questão
é tamanho que raras são as pesquisas que visam contabilizar os
números das agressões, mortes e discriminação.
Acesso ao mercado
de trabalho sem discriminação
Muitas empresas se
recusam a contratar LGBTs. Muitas vezes o fazem de forma declarada,
no entanto, o mais comum é empregar meios “velados” de
discriminação. Quando trabalhando, não são raros os casos nos
quais LGBTs são impedidos de ascenderem profissionalmente. Há
também inúmeros casos de demissão motivada por preconceito de
orientação sexual e/ou identidade de gênero. Neste contexto, o
caso específico de travestis e transexuais é emblemático, pois
raríssimos são os casos de travestis e transexuais que conseguem
ingressar no mercado de trabalho formal e Guarulhos não se
diferencia deste contexto nacional.
A cada dia aumentam os
pontos de prostituição em Guarulhos e, infelizmente, estes locais
tornam-se a única alternativa de renda a centenas de jovens
homossexuais que não encontram oportunidades de emprego dentro da
cidade. A homofobia difundida entre a população (baseada em uma
cultura de interesses dos ricos) mais a falta de apoio do governo
local à juventude LBGTs resulta na completa marginalização desses,
fazendo notórios os pontos de programas sexuais na região central e
bairros da periferia (como Taboão, São João, Bonsucesso...). É
necessário que haja oportunidades que atendam a esta população
dentro do município.
O problema da
moradia e os LGBT´s
O déficit de moradias
considerado pela Prefeitura é de aproximadamente 24.800 moradias,
neste número estão as famílias que vivem em cômodos, casas
rústicas e as improvisadas em situação de degradação. Segundo
dados do IBGE 70.934 famílias vivem de aluguel na cidade.
Encontram-se neste contingente milhares de LGBTs da classe
trabalhadora que são privados de mais este direito, que é o de
moradia. No entanto, vale destacar que para LGBTs conquistarem suas
moradias exigem-se esforços redobrados, já que a discriminação
também impera quando precisam comprar ou alugar uma residência. O
mesmo não ocorre com homossexuais masculinos e femininos com alto
poder aquisitivo, pois representam uma rentável fatia no mercado
imobiliário. Em Sorocaba, por exemplo, a Agra
Loteadora
lançou em 2009 um condomínio residencial dirigido ao público LGBT,
o “Season Sorocaba” no valor médio de R$
100 mil
por lote sendo que cada proprietário fica responsável pela
construção de sua casa. De acordo com a loteadora, o condomínio
“visa levar segurança, privacidade e todo conforto para esse
público ainda pouco atendido e com alto poder aquisitivo.”
Educação sem
discriminação
Atualmente o Brasil é o
líder mundial no ranking da homofobia (uma morte a cada 36h).
Brincadeiras, piadas e agressões verbais homofóbicas são comuns no
cotidiano de LGBTs.
A homofobia se expressa em todos os espaços sociais, como na
família, no ambiente de trabalho, na rua e também na escola.
Infelizmente, a homofobia no espaço educacional formal tem assumido
um patamar preocupante.
De acordo com pesquisa
realizada pela Agência
Brasil,
em 2009, o principal motivo para que a discriminação contra LGBTs
faça parte do cotidiano escolar é a falta de preparo dos
profissionais em educação para lidar com a questão. Na avaliação
da coordenadora geral de Direitos Humanos do MEC,
Rosiléa Wile, professores e professoras reproduzem comportamentos
discriminatórios porque não foram educados para a diversidade e
acabam por defender a heteronormatividade como padrão e as demais
formas de orientação sexual como “desvios de comportamento”.
A maioria dos
profissionais da educação não está preparada para lidar com LGBTs
ou com casos de homofobia. Por conta disso, faz-se necessária a
elaboração coletiva de materiais didáticos específicos que tratem
a respeito das diferentes orientações sexuais, bem como identidade
de gênero. Além disso, é preciso criar programas de formação
inicial e continuada para professores e professoras.
Em 2011 aconteceu em
Guarulhos a Conferência
Municipal de Educação
na qual se organizou o Plano
de Educação da Cidade de Guarulhos com
prazo de dez anos de vigência, de 2012 até 2022. O Plano se
constitui a partir de nove metas gerais. A primeira delas intitula-se
“Políticas para a Diversidade e Inclusão social”. Apesar do
título, em momento algum o documento contempla a questão da
diversidade sexual, muito menos um plano de combate à discriminação
motivada por orientação sexual e identidade de gênero no interior
das unidades escolares municipais. Este dado evidencia o fato de que
a Secretaria Municipal de Educação segue incondicionalmente os
programas educacionais estadual e federal, ou seja, ignoram
completamente a questão.
Não é possível
aceitar a violência contra os homossexuais
Com relação à
violência, o
GGB
(Grupo Gay da Bahia) é um dos únicos grupos que se dedica a fazer
anualmente levantamentos acerca dos índices de agressão e morte
sofridos por LGBTs. Como a homofobia não é crime no país,
inexistem dados oficiais, uma vez que os boletins de ocorrência não
são registrados como casos de homofobia. Por conta disso, o GGB
realiza suas pesquisas por meio de levantamentos de casos noticiados
nos meios de comunicação. Segundo este grupo, em 2011 foram
contabilizados, no Brasil, uma morte de LGBT a cada dois dias. Se
levarmos em conta que nem todos os casos são apresentados na mídia,
podemos deduzir que os números são muito maiores.
Em 2009 realizou-se a
última pesquisa da Fundação
Perseu Abramo
sobre
discriminação motivada por orientação sexual e identidade de
gênero.
De
acordo com esta organização, quando questionados sobre a existência
de preconceito contra LGBTs, a maioria dos participantes da pesquisa
responderam que sim: 93% indicaram preconceito contra travestis; 91%
contra transexuais; 92% contra gays; 92% contra lésbicas e 90%
contra bissexuais. No entanto, quando questionados sobre seus
próprios preconceitos, apenas 29% dos entrevistados assumiu ter
preconceito contra travestis; 28% contra transexuais; 27% contra
gays; 26% contra lésbicas e 20% contra bissexuais. Esses dados
evidenciam um fato surpreendente e alarmante, pois demonstram que o
preconceito contra LGBTs é muito acentuado, no entanto isso acontece
de maneira velada, pois os entrevistados reconhecem haver
preconceito, mas quando perguntados sobre seus próprios preconceitos
negam serem preconceituosos.
Em Guarulhos os dados são
alarmantes e seguem a média nacional, porém, ao invés de combater
o preconceito, o governo municipal assume uma política que visa
“acalmar os ânimos" do movimento social, além de fazer
alianças com setores conservadores. A administração petista
guarulhense criou, por exemplo, em 11 de junho de 2010 a AMADS
(Assessoria Miltidisciplinar de Assuntos da Diversidade Sexual).
Trata-se de um órgão assessor presente na Secretaria de Governo
Municipal, ou seja, dirigida e financiada pela prefeitura. Além
disso, a prefeitura mantém uma política de auxílio financeiro para
ONGs
que atuam no município.
Segundo a própria AMADS
(Assessoria Miltidisciplinar de Assuntos da Diversidade Sexual) são
registradas ao menos uma denúncia por dia de casos de violência
contra LGBTs no município. Assassinatos também são denunciados com
muita frequência. Esta constatação tornou-se pública em junho de
2012 pelo coordenador municipal deste órgão. Apesar deste índice,
a cidade não conta com um programa efetivo de combate a homofobia.
Atender as
especificidades com preparo e sem preconceito
O descaso com a saúde
pública em nosso município é gigantesco. Trabalhadores e
trabalhadoras vivenciam em seu cotidiano grandes dificuldades para
terem acesso ao serviço médico público municipal. No entanto, é
preciso atentar também para as especificidades no tratamento médico
para LGBTs.
Mulheres Lésbicas
e Bissexuais o retrato da invisibilidade
Infelizmente,
o machismo se impõe em todos os níveis sociais, inclusive no
tratamento médico especifico para a mulher. Anualmente são
registrados milhares de casos de morte de mulheres trabalhadoras
vítimas de aborto clandestino. Apesar dos altos índices, tais
fatalidades são justificadas pela Moralidade Cristã e Conservadora
que interferem direta e indiretamente na administração pública
inviabilizando um verdadeiro Estado Laico. Por conta disso, a
criminalização e legalização do aborto está na ordem do dia.
Além da questão
específica do aborto, é preciso ainda atentar para o caso
específico das questões relativas à saúde da mulher lésbica e
bissexual.
A ideologia dominante,
centralmente machista, caracteriza a mulher pura e simplesmente como
“a fêmea do homem”, nada mais. Como dito anteriormente, os
resultados dessa ideologia se refletem em todos os setores da
sociedade, inclusive no tratamento médico específico para as
mulheres. É evidente que todas as mulheres sofrem discriminação
por parte de profissionais da área médica, contudo, as lésbicas e
bissexuais são discriminadas por serem mulheres e também por terem
orientação sexual diversa da heterossexual. É comum às lésbicas,
por exemplo, sofrerem discriminação por parte de ginecologistas ao
assumirem diante destes profissionais que elas tem vida sexual ativa
com outras mulheres. Não são raros os casos nos quais o médico ou
a médica se sente no “dever moral” de humilhar a Lésbica no
intuito de “corrigir este péssimo comportamento”.
Sabe-se que o exame de
Papanicolau é o que atualmente existe de mais moderno para o
diagnóstico de doenças específicas da mulher, como por exemplo, o
câncer de colo do útero. No entanto, também é sabido que este
exame submete a mulher a situações extremamente desconfortáveis e
mesmo humilhante. No caso das mulheres lésbicas o desconforto e a
humilhação são deveras acentuados. Porém, ignoram-se tais fatos e
não se investe em pesquisas que possam desenvolver exames mais
modernos e com menos desconforto possível. Neste sentido, podemos
traçar um paralelo e citar o exemplo dos Exames de Prevenção de
Câncer de Próstata realizado em homens e que hoje dispensa o exame
de toque. Ou seja, desconforto mínimo para os homens, uma vez que se
pressupõe, por conta da ideologia machista, eles não devem passar
por esse tipo de constrangimento.
Também é preciso fazer
algumas observações quanto à questão da prevenção às doenças
sexualmente transmissíveis. A camisinha convencional é de uso
masculino e protege as relações sexuais heterossexuais ou
homossexuais entre homens. No caso da camisinha feminina, esta também
protege apenas a mulher que faz sexo com homens, uma vez que não é
possível ser utilizada em relações sexuais entre mulheres. Ou
seja, não existe um único método de prevenção contra Doenças
Sexualmente Transmissíveis para ser utilizado em relações sexuais
entre mulheres. Portanto, faz-se necessário o investimento em
pesquisas científicas que visem desenvolver métodos que protejam as
mulheres que se relacionam sexualmente com outras mulheres.
Transexuais
Transexuais são pessoas
que apresentam uma identidade sexual que não corresponde ao sexo
biológico com o qual nasceram. Em decorrência disto, precisam
transformar sua anatomia, portanto, necessitam recorrer a tratamentos
hormonais e cirurgias para adquirir correspondência entre o sexo ao
qual se identificam e seu corpo.
Desde o dia 17 de maio de
1990, a OMS
(Organização
Mundial de Saúde) retirou a homossexualidade da lista de doenças
mentais e extinguiu seu CID
(Código Internacional de Doenças). Em 1991, a Anistia
Internacional
passou a considerar a discriminação contra homossexuais como uma
violação aos direitos humanos. O mesmo não se passou com relação
à transexualidade.
Para a OMS,
a
transexualidade é considerada um tipo de transtorno psicológico,
como outrora se considerava a homossexualidade masculina e feminina.
Por isso, é preciso dar a batalha para que isto seja revisto a fim
de que ocorra a despatologização da transexualidade.
Muitos são os
profissionais em psicologia e psiquiatria que defendem a
despatologização da transexualidade. Na França, por exemplo, a
transexualidade deixou de ser considerada um transtorno mental em
2010 e foi o primeiro país a tomar esta decisão.
A fim de reverter esta
dura realidade e implementar atendimento médico público, de
qualidade e especializado na rede municipal de saúde voltado a
transexuais. o PSTU
defende
a despatologização da transexualidade; o tratamento hormonal para
transexuais; as cirurgias de modificação corporal, como a retirada
de seios, útero, ovários e implante de prótese genital para
mulheres transexuais, bem como implante de próteses mamárias e
modificação genital para transexuais masculinos.
Gays
A década de 80 ficou
marcada por ter sido a época da descoberta do HIV
(Vírus da Imunodeficiência Humana) causador da AIDS
(Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida). Na ocasião detectou-se a existência
de alguns grupos de risco, que seriam os hemofílicos, usuários de
drogas injetáveis e homossexuais. Com o passar dos anos, este quadro
se alterou profundamente devido ao aumento em grande escala do número
de infectados no mundo. Identificou-se que os chamados “grupo de
risco” haviam se extinguido. Apesar desta constatação, a
vinculação entre AIDS e homossexualidade perdura até os dias
atuais.
Em decorrência a este
tipo de preconceito, os homossexuais são discriminados nos
hemocentros. Existe uma norma nacional que considera inapto à doação
qualquer homem que tenha se relacionado sexualmente com outro homem
no período de 12 meses. Em junho de 2011, o ministério da saúde
baixou uma portaria que proíbe os hemocentros de usar a orientação
sexual como critério para seleção de doadores de sangue, mas na
prática os homossexuais masculinos seguem impedidos de doar sangue.
Defendemos:
- A penalização de empresas que praticarem a homofobia; penalização exemplar a toda e qualquer forma de discriminação motivada por orientação sexual ou identidade de gênero nos locais de trabalho; implementação de programas municipais de incentivo ao ingresso de LGBTs no mercado de trabalho formal com justa remuneração.
- Combater toda forma de discriminação contra LGBTs nos locais de moradia, bem como exigir políticas públicas para o acesso à moradia; criação de casas abrigo para LGBTs vitimas de violência; Fim das desapropriações;
- Distribuição do kit anti-homofobia em todas as escolas; regulamentação das leis sobre o uso dos nomes sociais para travestis e transexuais nas listas de chamada utilizadas no ambiente escolar.
- Criminalização da Homofobia e punição exemplar a todo e qualquer caso de violência contra LGBTs. Também exigimos o fim da prática midiática de fomento à discriminação e a violência contra LGBTs (programas humorísticos, propagandas etc);
- A desvinculação do HIV / AIDS da orientação sexual de seus portadores; a ampliação do atendimento público, gratuito e de qualidade na municipal aos portadores do vírus HIV e o fim da discriminação nos hemocentros.
6.2 - Um programa
socialista para as mulheres da classe trabalhadora
O atual governo do PT tem
implementado medidas que para a maioria das mulheres, sobretudo as
das camadas mais empobrecidas, soam como medidas progressivas e
forjam a impressão de que é um “governo das mulheres e para as
mulheres.” A escolha de uma mulher para a presidência (Dilma)
facilita a política assistencialista com o objetivo de acalmar os
ânimos e reduzir os atritos que a pobreza e os cortes nos serviços
públicos geram na parcela feminina da população. Na prática, no
entanto, tais medidas mascaram a verdadeira origem dos problemas das
mulheres e não os solucionam de forma estrutural, às vezes,
inclusive, os aprofundam.
Situação da Mulher
em Guarulhos
Segundo dados do IBGE
51,3% da população de Guarulhos é composta de mulheres, ou seja,
mais da metade da população. Boa parte destas vivem em condições
de moradia sub-humanas, visto que a incidência da pobreza é de
43,21%. Dos 360 mil domicílios regulamentados, 143.973 são
chefiadas por trabalhadoras. No entanto, as políticas públicas para
a cidade, não são pensadas para atender as demandas desta parte
considerável da população.
Abaixo vamos apresentar o
que consideramos os maiores problemas enfrentados pelo conjunto das
trabalhadoras.
Creches
O Compromisso assumido
por Lula em 2008 no II Plano Nacional de Política para as Mulheres,
que previa a ampliação da rede de creches foi também uma das
principais bandeiras da campanha de Dilma Rousseff cuja promessa
ratificada após sua eleição foi de construir 6 mil novas creches
até 2014 (1,5 mil por ano, conforme meta fixada pelo próprio
governo), com previsão de investimento de R$ 7,6 bilhões através
do PAC 2. Ainda em março de 2011, a presidente fez a entrega
simbólica de 54 unidades e firmou termo de compromisso para erguer
mais 718. Em Guarulhos foram entregues deste projeto apenas 10
unidades.
Tendo em vista que a
cidade conta com aproximadamente 100 mil crianças de 0 a 5 anos,
seria necessária a criação de 80 mil vagas para universalizar o
atendimento nesta faixa etária.
Para a cidade isso é um
dos principais problemas visto que mais de 250 mil mulheres estão em
idade economicamente ativa (de 25 a 50 anos), a falta de creches
afeta principalmente as mulheres de baixa renda e que precisam
trabalhar. Muitas são obrigadas a deixar seus filhos sob guarda
precária e outras terminam abandonando o emprego por não ter com
quem deixá-los, deixando de ser um problema público para ser então
um problema individual de quem tem filho, jogando exclusivamente para
as famílias a tarefa de educar e cuidar. Beneficia também as
escolas privadas, além de consumir os baixos salários dos/das
trabalhadores/as.
Além disso, estudos
apontam a necessidade de as crianças estarem frequentando este nível
de ensino para ter um melhor desempenho nas séries seguintes de sua
formação.
Resolver o déficit de
vagas na Educação Infantil não é um problema tão difícil, para
que todas as crianças guarulhenses de 0 a 5 anos fossem atendidas
por creches e escolas de ensino infantil, seria necessária a
construção de aproximadamente 800 unidades com capacidade para 100
alunos.
Desta forma, considerando
os elementos acima citados, reafirmamos que creches hoje é o
principal problema para uma trabalhadora guarulhense arranjar um
emprego ou manter-se nele.
Violência
Segundo o relatório Mapa
da Violência 2012, a cada 2 horas uma mulher morre no Brasil vítima
de violência. Com índices muito superiores à média internacional
e inclusive da América Latina o país ocupa a 7ª posição em casos
de assassinatos femininos no ranking dos 84 países do mundo com
dados homogêneos da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 2006
e 2010.
As principais vítimas
possuem entre 15 e 29 anos e em 40% dos casos os óbitos ocorrem na
residência da vítima. Na maioria absoluta dos casos os agressores
são familiares homens (pais, irmãos, filhos), companheiros ou
ex-companheiros (namorados, cônjuges).
Também há um componente
racial na violência contra as mulheres. Desde 2003, o número de
homicídios de mulheres brancas vem caindo enquanto que o de negras
aumentou. Em 2008 a taxa de homicídios entre as negras foi 45% maior
do que entre as brancas sugerindo que a aplicação de políticas
públicas para acabar com a violência se dá de forma diferente
segundo a cor/raça da mulher.
Por baixo dessa ponta
visível, um enorme número de casos de violência nunca chega à luz
pública. A Lei Maria da Penha por si só não altera a situação
de violência a que as mulheres são submetidas, 32% das
trabalhadoras brasileiras, por exemplo já sofreram assédio sexual
no trabalho, a cada meia hora uma mulher é agredida em SP, segundo
dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado que revela,
ainda, um aumento na quantidade de estupros, foram 61 em março, ante
55 em fevereiro, uma aumento de 11%. No trimestre, o Estado registrou
163 casos, 1,8 por dia.
Em Guarulhos segundo
dados do Centro de Referência em atendimento a Mulheres “Casas das
Rosas Margaridas e Beth’s”, até outubro de 2011 foram atendidos
mais de 800 casos de violência contra mulheres, um número no mínimo
assustador, porém considerando o fato de que nossa cidade conta com
apenas uma Delegacia da Mulher, situada na região central no bairro
Santa Mena e com funcionamento de segunda a sexta em horário
comercial, ou seja, das 8h às 17h, o que dificulta e muitas vezes
impossibilita as denúncias, haja visto que a maioria dos casos de
violência contra mulheres ocorrem nos fins de semana e nas
periferias. Com certeza o número de casos na cidade seja superior
aos 800 registrados.
Importante lembrarmos
ainda, que nossa cidade não possui casas abrigo, sendo promessa de
campanha do PT, a entrega de uma casa abrigo para o inicio de 2013
com capacidade para atender 25 mulheres com seus filhos, ou seja, uma
proposta que não atende as necessidades de uma cidade diante dos
dados divulgados pela própria prefeitura.
Também não contamos com
IML sexológico, para exames em casos de violência sexual, sendo que
todos os casos são encaminhados ao hospital Pérola Byton,
localizado no centro de São Paulo, de difícil acesso para as
vitimas. Não há em nossa cidade Vara de Justiça especializada de
mulheres, o que torna moroso os julgamentos e execuções de
processos contra os agressores.
Como vemos, tanto o
Governo Federal e Municipal (PT) quanto o Governo do Estado (PSDB),
seguem propagandeando progressos no trato da violência contra
mulheres, mas na prática, o que disponibilizam às trabalhadoras não
vai além de esmolas concedidas pelo assistencialismo, não
concretizando ações que de fato atendam e resolvam de forma efetiva
os inúmeros casos de violência contra as guarulhenses.
Saúde, mortalidade
materna e aborto
O Programa Rede Cegonha,
outra das bandeiras de campanha da presidente Dilma, foi lançado em
março de 2011 com o objetivo principal de reduzir a mortalidade
materna no país, cujos índices são de 65 para cada 100 mil
parturientes. As mulheres são hoje, 75% dos usuários do SUS e a
mortalidade materna é uma das maiores razões de morte entre elas.
Entretanto a portaria nº 1.459 que formalizou a Rede Cegonha, não
faz nenhuma referência à questão do aborto, considerada a quarta
principal causa de morte entre gestantes no Brasil. O próprio
Ministério da Saúde em sua Norma Técnica de Atenção Humanizada
ao Abortamento (2010) estima que ocorrem entre 700 mil e 1.200 milhão
abortos induzidos ao ano no país, dos quais cerca de 200 mil
resultam em internação devido a complicações no procedimento.
Um estudo realizado por
pesquisadores do Instituto do Coração com base em dados do Datasus
apontam que a curetagem é o procedimento cirúrgico mais realizado
pelo SUS (não entraram no estudo as cirurgias cardíacas, partos e
pequenas intervenções que não exigem a internação do paciente).
O Ministério da Saúde estima ainda que a maioria das curetagens
realizadas é decorrente de aborto provocado. Outros estudos apontam
que restrições ao aborto seguro não reduzem sua incidência e
tampouco sua legalização aumenta sua demanda.
A consequência da
legalização do aborto e sua realização em condições segura é a
redução das complicações que atualmente tem tirado a vida de
milhares de mulheres trabalhadoras no país ou levado a que inúmeras
carreguem sequelas irreversíveis. Portanto, o aborto é também uma
questão de saúde pública. Fechar os olhos para esses números é
criminoso e qualquer política séria de saúde para as mulheres
teria de levar isso em consideração, sobretudo quando há
comprovada queda desses índices em países “onde o aborto já é
seguro e descriminalizado”, segundo mesma Norma Técnica.
Em relação ao aborto
mais especificamente, para além do direito das mulheres de decidir
sobre seu próprio corpo, há outra questão que está por trás
desse tema. O mesmo Estado que não garante às mulheres
trabalhadoras o direito de serem mães as empurra a recorrer a
procedimentos que colocam em risco a sua saúde
Remuneração e
Desigualdade Salarial
Nas últimas décadas
passamos por uma importante transformação na composição da classe
trabalhadora no Brasil, expressa na crescente inserção de mulheres
no mercado de trabalho. De fato, segundo dados do IBGE, na década de
70 as mulheres representavam apenas 21% do conjunto da classe
trabalhadora do país, atualmente somos 46%. Somente entre 1976 e
2007, 32 milhões de mulheres ingressaram na força de trabalho
brasileira, desempenhando um papel muito mais relevante no
crescimento da população economicamente ativa que os homens.
Essa inserção tem se
dado pelo aumento na proporção de mulheres em praticamente todos os
ramos da economia. Um bom exemplo é o da indústria, aonde, mesmo
sendo ainda muito minoritárias, nos últimos anos cresceu a
contratação de mulheres em relação à contratação de homens no
setor. Portanto, a incorporação das mulheres à produção social
significou uma grande conquista, entretanto essa vem carregada de
contradições: 17% das mulheres ocupadas são trabalhadoras
domésticas sendo que menos da metade delas (36%) tem carteira
assinada.
Apenas 45% das mulheres
empregadas (excluindo as empregadas domésticas) trabalham
formalmente, seja com carteira assinada no setor privado (35%) ou no
serviço público/militar (9%). Isso significa que a grande maioria
não tem direito à benefícios trabalhistas e previdenciários como
férias, 13º salário, FGTS, licença maternidade, auxílio doença,
entre outros. 1 em cada 3 trabalhadoras do país ganha até 1 salário
mínimo. Mais da metade (53%) ganha até 3 salários. 90% das
mulheres não tem rendimento ou tem rendimentos que não ultrapassam
3 salários mínimos. 33% das famílias brasileiras são chefiadas
por mulheres que apesar de provedoras do lar não passam a ter
salários de homens.
Esta situação da mulher
no mercado de trabalho obedece à lógica capitalista onde o trabalho
masculino sustenta a família e o trabalho feminino é complementar.
A restruturação produtiva aumentou a terceirização e precarização
de setores em que predominam a mão-de-obra feminina.
As mulheres são as mais
atingidas pelo desemprego, pela informalidade, pelos baixos salários.
Sua localização se dá nos setores mais precarizados da economia,
são as principais vítimas das terceirizações, seus salários
representam apenas 70% dos salários dos homens, são a maioria entre
os trabalhadores domésticos, as que menos contribuem para a
previdência social, as mais atingidas por doenças profissionais
como LER/DORT e ainda sofrem com a dupla jornada.
Em Guarulhos as
estimativas não são diferentes, segundo dados do IBGE, o salário
médio de um homem é de R$ 1.419, enquanto o salário médio de uma
mulher é de R$ 1.039. Diante do fato concreto de que as guarulhenses
recebem em média 30% menos que os guarulhenses, para termos uma
análise mais acabada da desigualdade de condições, observemos que
segundo dados também do IBGE dos 360 mil domicílios regularizados
na cidade, 143,973 são chefiados por mulheres. Não podemos deixar
de citar ainda que em Guarulhos enquanto apenas 2,1% dos homens criam
seus filhos sozinhos, 16% das guarulhenses vivem esta situação.
Segundo dados do IBGE em
2008 as mulheres gastavam 25 horas por semana em afazeres domésticos
contra 10 horas dos homens, elevando a jornada de trabalho semanal
total das mulheres para 60 horas contra 53 horas dos homens.
Defendemos:
- Creches públicas, gratuitas em tempo integral e de qualidade para os filhos das trabalhadoras;
- Aplicação e implementação da Lei Maria da Penha em Guarulhos, com construção de Casas-Abrigo;
- Ampliação do orçamento para construção de Casas Abrigo, com programas de proteção e orientação jurídica e psicológica, para as mulheres e seus filhos, com atenção multiprofissional à saúde integral da mulher;
- Construção de delegacias especializadas nos bairros com garantia de funcionamento 24 horas. Proteção imediata às mulheres agredidas e punição dos agressores;
- Legalização do aborto em hospitais públicos;
- Campanhas educativas nas escolas e dirigidas à população contra a violência à mulher e educação sexual ;
- Maternidades nos bairros da periferia e que a mulher não necessite se deslocar para outras regiões da cidade;
- Salário e direitos iguais para trabalho igual;
- Pelo fim da dupla jornada de trabalho, que o município construa restaurantes e lavanderias públicas coletivas.
6. 3 Negros e Negras
A
desigualdade social é comum a todos os municípios brasileiros,
especialmente quando falamos das mulheres, negros, gays, lésbicas,
bissexuais, travestis e transgêneros (LGBTs). A lógica capitalista,
combinada com o preconceito, não reserva muito a esses trabalhadores
além da marginalidade, da superexploração e de piores condições
de vida.
De
acordo com o IBGE, no Brasil mais da metade da população (50,4%),
declara-se negra ou parda. Mas ainda há muito preconceito, basta se
fazer um “corte racial” na média salarial paga no país para que
se perceba. Em Belo Horizonte, por exemplo, negros e negras ganham
apenas 38% do rendimento médio dos brancos. Em São Paulo, esse
índice vai para 46%%.As
pesquisas do Ipea apontam que no Brasil existem 22 milhões de
pobres, dos quais 60% são negros. A pobreza e a miséria tem cor
nesse país.
Os
dados da violência em Guarulhos apontam que somente em 2002 foram
assassinados 130 brancos e 704 negros. Já em 2006, 966 negros mortos
e 164 brancos. Em 2010 os números voltaram a subir e 275 brancos
foram vítimas de homicídio, enquanto 1613 foram negros, 192,3% mais
do que o número de brancos. Percentual maior do que a média
brasileira, que foi quase de 140%.
Cor/Raça
Porcentagem
70,6%
5,0%
21,5%
2,1%
0,8%
(Fonte:
Censo 2010; Classificação
segundo o
Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH)
(dados
de
2000)
por Municípios: 183
– Guarulhos – 0,798)
Nos
dados do censo de 2010, podemos observar aporcentagem da população
segundo a cor e percebemos que somente 5% declarou-se negro, isso
mostra a dificuldade em muitos negros assumirem a sua raça, fruto de
todo o preconceito existente na sociedade. Defendemos a adoção das
“ações afirmativas” (como as cotas nas universidades públicas),
por entendermos que o mesmo Estado que criou o abismo racial deve ser
obrigado a criar mecanismos para que negros e negras possam
superá-los. De imediato, queremos que a política de cotas seja
acompanhada de mais investimentos na educação pública em todas as
etapas de ensino, assim como defendemos que medidas semelhantes sejam
aplicadas nos concursos para a administração pública.
Defendemos:
- A inclusão nos currículos escolares de conteúdos que visem à conscientização da população em relação à questão racial e suas implicações;
- Criação de lei que impeça a contratação com salário diferenciado para o mesmo trabalho, proibindo todas as formas de flexibilização contratual que gerem diferenças;
- Fim dos despejos forçados, das ocupações policiais das favelas e da repressão ao povo negro. Abaixo o genocídio da juventude negra! Fim da violência policial;
- Ampliar a política de cotas nas universidades públicas.
7
– Juventude e cultura
O acesso à cultura,
esporte, educação, lazer e trabalho para os jovens guarulhenses é
lamentável. Pior é a situação dos jovens de baixa renda em idade
universitária, pois a cidade não oferece opções para que esses
ingressem em cursos superiores gratuitos. O município dispõe apenas
de uma Universidade Pública Federal, a UNIFESP situada no bairro dos
Pimentas. A cidade tem uma baixa diversidade de cursos superiores,
mesmo as Universidades Particulares, focam à abertura de cursos nas
áreas de Licenciaturas e Administração, e cobram mensalidades
caríssimas que fogem as reais condições da população mais pobre.
A cidade não conta com um curso de Medicina por exemplo. As poucas
opções junto com a restrição ao acesso faz com que os jovens
moradores das periferias tenham pouquíssimas chances de cursar uma
Faculdade, ou Universidade por exemplo.
Os projetos que
proporcionam a criação de emprego e a preparação do jovem para
ingressar no mercado de trabalho não conseguem atender a demanda, e
o trabalho digno e formal fica cada vez mais distante desses.
Sofremos também com a falta de investimento em projetos que fomentem
a cultura e o lazer em nossa cidade. Os poucos Projetos de Cultura e
lazer existentes estão em sua maioria localizados nas regiões
centrais da cidade, como o Adamastor Centro, o Teatro Nelson
Rodrigues, a Biblioteca Monteiro Lobato entre outros. Para as pessoas
moradoras da Periferia sobram pouquíssimas opções. Além dos
moradores da periferia estarem distantes dos espaços de lazer e
cultura ainda sofrem pois a maioria dos eventos se concentram aos
finais de semana, e nesse período os ônibus que dão acesso ao
centro diminuem a circulação nas áreas mais pobres.
Para aqueles que tentam
viver da cultura à uma ausência notável de fomento público e
investimento nesses trabalhadores. Se existe pouco espaço na cidade
para os jovens em geral, para os jovens LGBTT (lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais) a situação é pior ainda.
A prostituição é
crescente nesse setor, e infelizmente não existe uma alternativa de
renda a centenas de jovens homossexuais que não encontram
oportunidades de emprego dentro da cidade. A esses as oportunidades
são menores ainda numa sociedade onde a homofobia é difundida entre
a população (baseada em uma cultura de interesses dos ricos).
Soma-se mais a falta de apoio do governo local à juventude LBGTT o
que resulta na completa marginalização desses fazendo notórios os
pontos de programas sexuais na região central e bairros da
periferia, como Taboão, São João, Bonsucesso e outros. É
necessário que haja oportunidades que atendam a esta população
dentro do município, que são defendidas pelo programa municipal do
PSTU para Guarulhos.
Defendemos:
- Um programa que fomente as ações de diversos segmentos artísticos na cidade e que valorize estes trabalhadores. A conquista de programa de fomento à cultura abrirá novos horizontes para que os trabalhadores da cultura tenha total apoio às suas criações, criando inúmeros espaços de discussão e diálogo com os demais trabalhadores.
- Uma educação pública e gratuita na cidade, com cursos mais diversificados, com a inserção dos cursos da área de biológicas: medicina, enfermagem, biologia, entre outros. Na área de exatas : os cursos de engenharia, contabilidade entre outras, a abertura de mais cursos na área de humanas. Assim, seguimos a linha de que haja mais empregos formais para nossos jovens dentro do município, desenvolvendo a economia local e transformando Guarulhos em um importante centro cultural e educacional da Grande São Paulo.
- Defendemos a estatização de todas as Universidades Particulares. Por um Ensino Superior Público, Gratuito e de Qualidade
8
- Um programa eco-socialista
O
município de Guarulhos apresenta
um clima subtropical úmido, com temperatura média anual de 19ºC,
umidade relativa do ar média anual de 81,1, precipitação
pluviométrica anual média de 1.470 mm e ventos dominantes SE - NO -
E – º A cobertura vegetal primitiva é representada pela Mata
Atlântica, também denominada Floresta Cantareira e, pela Mata
Planaltina ou de Transição. Com a expansão populacional e
industrial essa cobertura sofreu grande desgaste. Restam atualmente o
Parque Estadual Cantareira (Núcleo Cabuçú) com 2.550 ha., a
fazenda de Itaverava, algumas áreas localizadas na Tapera Grande,
além de pequenos redutos de Mata existentes na cidade, Bosque Maia,
Parque Fracalanza e Aeroporto Internacional, entre outros,
preservados pela Legislação de Proteção Permanente.
O
acelerado e desordenado processo de crescimento do Município de
Guarulhos teve como consequência o surgimento de diversos problemas
sócio-ambientais, entre os quais se destaca a drástica redução de
sua área florestada. Entretanto, cerca de 30% do seu território
ainda apresenta importantes remanescentes florestais (Mata
Atlântica). Nossas florestas contêm rica biodiversidade, onde a
fauna silvestre merece destaque. Levantamentos recentes de fauna com
ocorrência no Município (Portaria 015/09 - SEMA), realizados pela
Secretaria do Meio Ambiente, identificou 349 espécies de animais
silvestres, entre mamíferos, aves, répteis e anfíbios. 31 destas
espécies estão ameaçadas de extinção. Suçuarama, Jaguatirica,
Gato do Mato Pequeno, Lontra, Bugio, Saruê, Gavião Carrapateiro,
Gavião Pega Macaco, Jararaca e Teiu são alguns exemplos da fauna
silvestre local, sendo que sua conservação é prioritária para o
Município.
Segundo
o governo do Estado, Guarulhos é a cidade paulista com mais
população em áreas irregulares -são 700 mil, de um total de 1,2
milhão de habitantes.
O crescimento intenso -principalmente nos anos 1970 e 1980, devido à expansão industrial e à construção do aeroporto-, aliado à falta de planejamento urbano, criou ocupações no entorno do aeroporto, de áreas de mananciais e de proteção ambiental.
No Jardim Fortaleza, por exemplo, Maria Alice, 31, colhe mandioca, café, laranja -que o pai plantou, nos anos 1990, na encosta da serra da Cantareira. "Quando a imobiliária veio, para abrir caminho para os loteamentos, pôs meu pai aqui em cima." De casa, ela vê os 150 loteamentos e ocupações irregulares sobre a mata atlântica.
O crescimento intenso -principalmente nos anos 1970 e 1980, devido à expansão industrial e à construção do aeroporto-, aliado à falta de planejamento urbano, criou ocupações no entorno do aeroporto, de áreas de mananciais e de proteção ambiental.
No Jardim Fortaleza, por exemplo, Maria Alice, 31, colhe mandioca, café, laranja -que o pai plantou, nos anos 1990, na encosta da serra da Cantareira. "Quando a imobiliária veio, para abrir caminho para os loteamentos, pôs meu pai aqui em cima." De casa, ela vê os 150 loteamentos e ocupações irregulares sobre a mata atlântica.
Já
o Rodoanel ou qualquer outra grande obra na região de reserva
ambiental, trará grandes impactos nocivos aos trabalhadores, à
fauna e à flora.
Atmosfera
O
excesso de veículos nas ruas e rodovias da cidade, combinado com o
enorme parque industrial tem colocado Guarulhos em disputa com
Cubatão na emissão de gases poluentes na atmosfera, segundo a
CETESB. Em alguns dias de 2011, Guarulhos chegou a ficar em 2º
lugar na emissão de CO².
Aterro
Sanitário
– destino do lixo produzido na cidade
O
município de Guarulhos apresenta a 2ª geração diária de resíduos
sólidos domiciliares no Estado de São Paulo. O lixo na cidade é
coletado e destinado a um aterro sanitário no bairro do Cabuçu.
Tanto a coleta como descarte é feito por uma empresa privada: A
Quitaúna. Este aterro foi construído em Área
de proteção ambiental, é cercado pela Serra da Cantareira e está
sobre a Bacia
hidrográfica do Rio Cabuçú de Cima.
O
aterro Sanitário recebe 1000 tonelada de resíduos, sua capacidade
esta projetada para receber 2,8 milhões de toneladas. Não possui
células de disposição do lixo hospitalar. No caso de lixo
industrial, existe uma área reservada, mas que não recebe nenhum
resíduo industrial, sendo que há a previsão de mais uma célula
seja utilizada para disposição de resíduos domiciliares.
Quanto
ao sistema de tratamento dos líquidos percolados,
eles são apenas coletados e levados aos tanques de armazenamento,
não recebendo nenhum tipo de tratamento. No final de cada mês a
Sabesp recolhe este material e a administração do aterro paga esse
recolhimento, sendo depois ressarcido pelo Secretário de Obras
Públicas do Município de Guarulhos.
O
Biogás é coletado e queimado e não é utilizado para geração de
energia elétrica. A estratégia adotada para a seleção da área de
implantação não considerou o fato de estar muito próximo de
cursos de a água ( caso do rio Cabuçu e seus afluentes) e núcleo
residencial ( alguns estão a menos de 200 metros de distância) e
das unidades de conservação ( Parque Estadual da Cantareira) além
disso, o terreno esta próximo das APMs (Área de Proteção e
Recuperação de Mananciais).
A
Quitaúna se comprometeu, no planejamento, que haveria investimentos
em projetos de separação e reciclagem dos materiais do lixo urbano
municipal. Isso nunca ocorreu. No Aterro Sanitário de Guarulhos é
importante explicar que o terreno apresentado litologia argiloso (
decomposição de micaxistos e filitos).
Apesar
de a suscetibilidade em relação a contaminação ser menor pois a
permeabilidade é relativamente baixa, se houver vazamento de
chorume, o fluxo desse material poluente causará impactos nas águas
subterrâneas, até por que o aquífero se encontra em uma
profundidade de apenas 9m de superfície do aterro ( Garima Aterro,
Quitaúna 2000). Portanto, este fato aumenta o risco de poluição do
solo e da água fora das áreas de monitoramento ambiental do aterro.
Análise da água (contaminação). Não há projeto de tratamento do
chorume. Sobre os trabalhadores da Quitaúna:· Não há uso de botas
apropriadas; faltam instrumento de proteção aos funcionários
·Tratamento
de esgote de guarulhos é abaixo de 35%
Guarulhos
é
uma das cidades
da Grande São Paulo que despejam seus esgotos diretamente nos solos,
córregos e rios, sendo que boa parte desses esgotos são despejados
nos rios Tietê e Baquirivu sem nenhum tratamento, impedindo o
trabalho da despoluição destes rios. Apenas 35% do esgoto é
tratado (e de forma duvidosa). A falta de planejamento e
investimentos em
saneamento
básico, principalmente no tratamento de esgotos e na drenagem dos
materiais com grande concentração de poluentes orgânicos que
causam degradação
ao meio ambiente
dado pela infiltração no lençol freático
torna-se uma fonte de proliferação de doença e degradação da
natureza. Isso é fruto de uma falta de política voltada para a
saúde dos trabalhadores e do eco-sistema.
Defendemos:
- Barrar a construção do Rodo Anel – transporte sobre trilhos para defender o meio ambiente;
- Por uma política que faça as indústrias a reduzirem a emissão de poluentes na atmosfera e multas para as indústrias que continuarem a poluir nossa atmosfera;
- Defesa dos trabalhadores do Aterro Sanitário, com direito a insalubridade e a Equipamentos de Proteção Individual e aterros sanitários que cumpram todos os requisitos para não poluir/contaminar o solo e o subsolo e o lençol freático;
- Por uma educação ecosocialista, é preciso uma coleta diária com destino para os resíduos que leve a reciclagem;
- Pela conservação de nossas reservas ambientais e fiscalização rígida com punição dos agressores do meio ambiente;
- Tratamento de 100% do Esgoto da cidade e despoluição dos rios.
8
– Principais pontos do programa:
- Educação de qualidade para os trabalhadores! Construção de creches públicas em tempo integral que atenda a demanda do município;
- Saúde para os trabalhadores: Construção imediata de hospitais públicos com atendimento das diversas especialidades e estatização da rede privada na cidade para atender a demanda do município;
- Estatizar o transporte para acabar com as máfias de ônibus, dobrar a frota de ônibus. As passagens que devem custar R$ 1,00! Passe-livre para estudantes, desempregados e idosos. Defesa da construção do Metrô;
- Contra a Privatização do aeroporto de Cumbica;
- Contra a violência às mulheres, negros e homossexuais! Criminalização e punição do machismo, racismo e homofobia! Construção de delegacias para mulheres que funcionem 24 horas nos bairros e casas abrigo;
- Plano de obras públicas para a construção de escolas, creches, hospitais, metrô e casas populares que gere renda e emprego para o município. Reposição automática dos salários e aposentadorias de acordo com os índices da inflação. Aumento real, rumo ao salário mínimo do Dieese;
- Moradia para todos, regulamentação e urbanização de todas as ocupações;
- Para combater o desemprego: redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, sem redução de salários e direitos. Não ao banco de horas;
- Plano de obras públicas, construindo escolas, hospitais, redes de saneamento básico e casas populares;
- Para garantir mais verbas para saúde, educação, saneamento básico e moradia, não ao pagamento da dívida pública do município com a União e não a “Lei de Responsabilidade Fiscal”, que retira verbas das áreas sociais para pagar juros aos banqueiros;
- IPTU progressivo de verdade, redução do imposto para as residências populares , os ricos e donos de grandes propriedades , principalmente das áreas nobres da cidade devem pagar mais e que não cobre das propriedades menores e localizadas nos bairros populares e dos trabalhadores desempregados;
- Mais verbas para a saúde pública. Contratação imediata de profissionais de saúde por concurso público e valorização dos profissionais da saúde com aumento imediato dos salários. Fim das terceirizações;
- Modelo de saúde pública integrada, desde o atendimento preventivo hospitalar. Construção de novos postos de saúde e hospitais. Atendimento de todas as especialidades nas regiões. A saúde deve ser pública, gratuita e de boa qualidade para todos;
- Pela ampliação de cursos e vagas para atender a demanda da juventude pobre e trabalhadora na Unifesp e investimentos e melhora da estrutura, alojamento, restaurante, etc.. ;
- Por uma educação pública, gratuita e de qualidade! Valorização dos profissionais da educação, com aumento imediato dos salários. 25 alunos por sala de aula, não a municipalização, construção e ampliação das creches públicas integrais;
- Passagens de ônibus com o valor de R$1,00. Fim do monopólio das empresas privadas, com a criação de uma empresa pública de transportes e estatização das empresas privadas. Passe-livre para todos os estudantes, idosos e desempregados. Adaptação de toda a frota de ônibus para portadores de necessidades especiais e idosos;
- Fim da repressão policial. Desmilitarização da guarda municipal. Empregos e investimentos sociais são as formas de combater a criminalidade;
- Não a opressão de negros, mulheres e LGBTs. Em defesa dos direitos de todos os oprimidos e explorados e pelo fim das discriminações. Pela legalização do aborto com atendimento médico na rede SUS e hospitais municipais, construção de casas-abrigo para mulheres vítimas de violência, cotas para negros na universidade e no serviço público, pela união civil de casais do mesmo sexo com amplos direitos de reconhecimento;
- Combater a poluição ambiental, aumentar a fiscalização sobre as empresas poluidoras, com multa e fechamento. Não ao Rodoanel que causará danos ambientais para a cidade;
- Destituição dos mandatos de vereadores e de prefeitos que não cumprirem suas promessas e se posicionarem contra os trabalhadores. Redução dos salários dos vereadores e do prefeito. Os políticos não devem receber mais que os trabalhadores. Combate a corrupção; cadeia e confisco dos bens de corruptos e corruptores.
07/2012
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